A
prática regular e sistemática de exercícios físicos (EF) mostra-se eficaz,
segura e exequível em mulheres mastectomizadas, tanto durante quanto depois do
tratamento.
Além
da melhora comprovada das capacidades físicas (força/potência, flexibilidade e
aeróbica), o EF também atenua os efeitos colaterais do tratamento anticâncer.
Destaca-se, para esta população, a redução significativa da fadiga.
Efeito do exercício na redução da fadiga durante e após o tratamento em mulheres com câncer de mama (Juvet et al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la. |
O EF, através de mecanismos ligados ao aumento da perfusão sanguínea no microambiente tumoral e da melhora do sistema imunológico, potencializa a ação dos agentes quimioterápicos e das células NK (natural killer), repercutindo na redução do crescimento tumoral.
Cabeçalho do artigo que discute o item acima. |
A
consequência dos itens citados acima é a melhora da qualidade de vida e aumento
de sobrevida – estudos mostram que baixo volume e intensidade de EF durante e
após o tratamento possuem pouca ou nenhuma eficácia na redução da mortalidade.
Cabeçalho do artigo que discute o item acima. |
Antes da mastectomia: logo após o
diagnóstico, as pacientes sedentárias devem iniciar um programa de EF. Para as
que já praticam, recomenda-se intensificar o treinamento. Também, neste
período, devem ser realizadas avaliações físicas (avaliação postural,
ergoespirometria, antropometria, amplitude de movimento de membros superiores,
etc.) e questionários específicos (qualidade de vida e funcionalidade). (ver
tabela abaixo)
Tabela com as recomendações das avaliações pré mastectomia (Wilson el al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la. |
Pós-cirurgia: iniciar, ainda no
hospital, caminhada (5’ a 10’ 2x/dia) e rotina de alongamentos para membros
superiores (2 a 7X/dia) no dia seguinte a cirurgia. Manter esta rotina nas duas
primeiras semanas pós-intervenção.
Cabeçalho do artigo que investigou os benefícios do alongamento após cirurgia (Scaffidi el al. 2012). |
Após
segunda semana: intensificar o programa de condicionamento aeróbico (pelo menos
150’/semana com intensidade moderada a intensa). Continuar com alongamento
(recomenda-se mantê-lo ao longo do primeiro ano). Iniciar treinamento de força
para membros superiores (cargas leves entre 0,5 e 1Kg, movimentos lentos e
controlados, 2 séries de 10 repetições por exercício).
Tabela com a rotina de treinamento aeróbico (Wilson et al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la. |
Evidências
cientificas corroboram a eficácia do treinamento de força para membros
superiores em pacientes mastectomizadas na manutenção da força e massa muscular
e atestam sua segurança (não aumentam o tamanho e a incidência de linfedemas).
Cabeçalho do artigo que discute o item acima. |
A
progressão do volume e intensidade e a escolha dos exercícios devem respeitar o
estado físico e emocional da paciente. A liberação à pratica do EF deve ser
feita pelo médico responsável.
Tabela com os benefícios do exercício físico nas pacientes mastectomizadas (Wilson et al. 2017). |
Lista dos artigos citados:
- Juvet, L. K., et al. "The effect of exercise on fatigue and physical functioning in breast cancer patients during and after treatment and at 6 months follow-up: A meta-analysis." The Breast 33 (2017): 166-177.
- Koelwyn, Graeme J., et al. "Exercise-dependent regulation of the tumour microenvironment." Nature reviews. Cancer 17.10 (2017): 545.
- Hojman, Pernille, et al. "Molecular Mechanisms Linking Exercise to Cancer Prevention and Treatment." Cell Metabolism (2017).
- Li, Tingting, et al. "The dose–response effect of physical activity on cancer mortality: findings from 71 prospective cohort studies." Br J Sports Med(2015): bjsports-2015.
- Wilson, Donna J. "Exercise for the patient after breast cancer surgery." Seminars in oncology nursing. Vol. 33. No. 1. WB Saunders, 2017.
- Scaffidi, M., et al. "Early rehabilitation reduces the onset of complications in the upper limb following breast cancer surgery." European journal of physical and rehabilitation medicine 48.4 (2012): 601-611.
- Schmitz, Kathryn H., et al. "Weight lifting in women with breast-cancer–related lymphedema." New England Journal of Medicine 361.7 (2009): 664-673
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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
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