09 março, 2017

Suplementação de proteína e exercício no câncer de mama.


Suplementação de blend de proteínas (whey protein + caseína) para sobreviventes de câncer de mama submetidas à treinamento de força por 12 semanas: ensaio clínico randomizado.

Interessante estudo está no prelo (em vias de ser publicado) na renomada revista Medicine & Science in Sports and Exercise, agora em março de 2017. Trata-se de um ensaio clínico realizado com 33 mulheres que completaram o tratamento para CA de mama, estágios I a III, há menos de 2 meses. O tratamento consistiu de cirurgia, quimio e/ou radioterapia, incluindo ainda inibidores de receptor de estrógeno em 25% dos casos.

Cabeçalho do artigo citado.

Essas mulheres foram alocadas em dois grupos: treinamento de força (TF) e treinamento de força + proteína (TF+PRO). O TF foi realizado em duas sessões semanais supervisionadas por profissional da área, que incluíam sessões de musculação com carga de 65 a 80% de 1 RM.  Além disso, o grupo TF+PRO recebeu um suplemento de 2 x 20g de blend protéico ao dia, uma delas pela manhã, antes do café da manhã ou dos treinos e outra 30 min antes de dormir. Foram avaliados, força, volume de treinamento, variação do consumo dietético, concentração de IGF-1 plasmático, adiponectina (para avaliar o metabolismo de gordura) e proteína C-reativa (marcador de inflamação).

Os resultados foram: TF foi capaz de aumentar em 1kg o ganho de massa magra e reduzir 1-2% de gordura corporal em ambos os grupos. A suplementação protéica não alterou ganho de peso nem consumo calórico total entre os grupos, embora tenha aumentado o consumo protéico em 17g por dia em relação ao grupo TF. Isso mostra que as pacientes recebendo proteína provavelmente compensaram essa quantidade reduzindo a ingestão dietética de proteína, mas ainda assim mantiveram um consumo maior que o controle. Esse consumo foi suficiente para aumentar o volume de treino no grupo PRO nos membros superiores e diminuir o delta de IGF-1 entre a condição basal e após 12 semanas (ver tabelas com resultados abaixo)

Comparação pré e pós intervenção dos componentes físicos e antropométricos. Clique na imagem para ampliá-la.

Embora não tenha obtido diferenças significativas em força e ganho de massa muscular, esse estudo foi pioneiro em mostrar que essa dose de suplementação protéica é bem aceita, segura (sem efeitos colaterais) e que não oferece ganho de gordura corporal para esses pacientes, e que os próximos estudos provavelmente deverão ter aconselhamento dietético para que os participantes terminem de fato consumindo os 40g a mais de proteína previstos pela suplementação, o que também pode explicar a falta de resultados mais significativos.

Comparação pré e pós intervenção dos marcadores sanguíneos. Clique na imagem para ampliá-la.

Vamos aguardar os próximos estudos!

Referência do artigo citado:

  • Madzima, Takudzwa A., et al. "Effects of Resistance Training and Protein Supplementation in Breast Cancer Survivors." Medicine and science in sports and exercise (2017).
Dra. Patrícia Campos-Ferraz

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