03 junho, 2016

Prebióticos e Probióticos - suas funções no combate ao câncer de cólon


Prebióticos são componentes alimentares cuja função é melhorar o crescimento de probióticos, ou seja, de microrganismos intestinais benéficos para a saúde. Basicamente, os prebióticos são compostos de fibras solúveis e insolúveis e carboidratos de cadeia curta, todos presentes majoritariamente em alimentos de origem vegetal, embora haja alguns carboidratos de cadeia curta no colostro e no leite materno. (ver tabela abaixo com os benefícios e mecanismos dos prebióticos em diversas patologias)


Tabela com os tipos de prebióticos e seus mecanismos de ação em diversas patologias (Raman et al. 2016) - clique na imagem para ampliá-la.

Para ser classificado como prebiótico, o componente deve resistir ao pH ácido do suco gástrico, não ser hidrolisado pelas enzimas intestinais e nem ser absorvido pelo intestino delgado superior, deve ser fermentado pelos microrganismos intestinais e estimular o crescimento das bactérias intestinais benéficas à saúde. 

Como exemplo de prebióticos, fontes, microrganismos estimulados e prováveis mecanismos, muitos deles obtidos através de estudos com modelos experimentais, podemos citar:

Oligossacarídeos – contidos em cebola, alho, raiz de chicórea, aspargo, alcachofra de Jerusalém, grão de soja, gérmen de trigo, leite, mel, banana e centeio – estimula o crescimento da espécie Bifidobacterium, podendo suprimir as bactérias intestinais putrefativas e atuar na prevenção de constipação e diarreia.

Frutoligossacarídeos – contidos nos mesmos alimentos-fonte acima - além de estimular a espécie Bifidobacterium, também auxilia o crescimento dos Lactobacilos acidophilus, L. casei e L. plantarum, os quais além dos benefícios acima, também auxiliam na absorção de cálcio e na redução do pH intestinal, ao que se atribui a redução do crescimento das bactérias patógenas (causadoras de doenças).

Fructanos – contidos no pó de tubérculo de alcachofra – também auxiliam o crescimento da espécie Bifidobacterium.

Estaquiose e Rafinose – contidos nas leguminosas feijão e soja, entre outras, também aumentam o crescimento das Bifidobacterium

Peptídeos do leite – macropeptídeo da caseína, contido no leite de vaca e glicomacropetídeo da caseína kappa humana - aumentam o crescimento das Bifidobacterium.

Lactitol e Lactulose – são polióis, ou seja, açúcares sintéticos, que também auxiliam o crescimento das Bifidobacterium. (ver tabela abaixo com os tipos de prebióticos e seus benefícios)

Tipos de prebióticos e seus potenciais benefícios (Raman et al. 2016) - clique na imagem para ampliá-la.
No câncer de cólon, alguns estudos indicam que o consumo de fibras está inversamente proporcional à sua incidência, ou seja, populações que sabidamente tem um alto teor de fibras na dieta estão menos expostas ao risco de desenvolver esse câncer, através da redução das criptas aberrantes, da redução de pH, do aumento de frequência e volume das fezes, diminuindo o contato da mucosa intestinal com substâncias carcinogênicas. O próprio butirato, presente no metabolismo bacteriano, está envolvido, por exemplo, na apoptose celular, ou seja, um dos mecanismos que protegem nosso organismo contra células tumorais. (ver imagem abaixo com esquema de ação dos prebióticos no intestino)

Potenciais benefícios e mecanismos dos prebióticos e sua ação anticâncer (Raman et al. 2016) - clique na imagem para ampliá-la.
Os alimentos que mais contém prebióticos são raiz de chicórea crua (64% do peso), alcachofra crua (31,5%), alho (17%) e cebola (9%). Frutas como banana tem 1% de prebióticos e finalmente, o gérmen de trigo, tem em torno de 5%. Vale a pena tentar incluir esses alimentos na dieta. Alho e cebola são largamente utilizados no Brasil em praticamente todas as preparações de sal. (ver tabela abaixo com os alimentos e suas quantidades de prebióticos)

Quantidade (%) de prebióticos nos alimentos (Raman et al. 2016)


Fonte:  Raman et al. Probiotics and Bioactive Carbohydrates in Colon Cancer Management. Ed. Springer. 2016.

Capa do livro e cabeçalho do capítulo utilizado para ilustrar esta publicação - clique na imagem para ampliá-la. 

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Até a próxima...

Dra. Patrícia Campos-Ferraz

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