19 maio, 2016

Efeitos do exercício na depressão


Quase todos os pacientes oncológicos podem apresentar sintomas psicológicos e físicos relacionados ao câncer e seu tratamento, durante e após a intervenção terapêutica. Alterações da imagem corporal somadas ao medo da morte e de recidivas contribuem para potencializar os sintomas depressivos. Enquanto que 7% da população geral possui diagnóstico de depressão, nos sobreviventes de câncer, a taxa chega a 60% - dados dos E.U.A. A depressão também está associada ao abandono da quimioterapia, reduzindo as taxas de sobrevivência em até 5 anos.

Décadas de estudos nos mostram que a prática regular e sistematizada de exercícios físicos é uma ferramenta não-farmacológica eficaz na redução dos sintomas depressivos entre aqueles que vivem com depressão. Entretanto, estes achados se referem a indivíduos sem o diagnóstico de câncer – para maiores informações, recomendo a leitura do artigo publicado em 2010, "Depressive symptom outcomes of physical activity interventions: meta-analysis findings."

Cabeçalho do artigo citado acima. (Vick S, Conn. 2010)

Já em 1997, diante da relevância clínica do controle da depressão em pacientes com câncer, pesquisadores da Universidade de Michigan (E.U.A.) realizaram inovador estudo que investigou o impacto de 10 semanas de exercício aeróbico (quatro dias/semana, 30/40 minutos a 60% da frequência cardíaca máxima) na depressão, ansiedade e auto-estima em 24 mulheres sobreviventes de câncer de mama. Quando comparadas ao grupo sedentário, estas mulheres reduziram de forma significante seus escores de depressão e ansiedade após a intervenção. Outro achado relevante foi que, quando a recomendação à prática de exercícios físicos foi realizada pelo médico responsável, a aderência pelos pacientes foi significantemente maior (Segar et al. 1997).

Cabeçalho do artigo citado abaixo. (Brown et al. 2012)

Mais recentemente, em 2012, foi publicada uma revisão (meta-análise) sobre o tema. Participaram desta análise 37 estudos clínicos envolvendo várias modalidades de exercício, contabilizando 2929 pacientes - sendo a maioria (65%) portadora do câncer de mama (Brown et al. 2012). Dentre os inúmeros achados, destaco três: 

- pacientes que completaram o período de intervenção de exercícios reduziram a depressão mais do que os do grupo controle (sedentário); 

- aumentos no volume semanal de exercício aeróbico reduzem os sintomas depressivos em forma dose-dependente; 

- o exercício foi mais efetivo em reduzir os sintomas depressivos quando realizado de forma supervisionada, principalmente no câncer de mama. (ver gráfico abaixo com os resultados por tipo de câncer)

Gráfico do tipo Forest plot dos efeitos do exercício nos sintomas de depressão em diversos tipos de câncer. (Brown et al. 2012) Clique na imagem para ampliá-la.

Diante do exposto, em ambos os artigos, os autores ressaltam a necessidade da inclusão de exercícios físicos durante a terapêutica anticâncer e que esta prática deve ser encorajada principalmente por médicos responsáveis pelo tratamento.

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Até a próxima...

Rodrigo Ferraz

Para saber mais:

Conn, Vicki S. "Depressive symptom outcomes of physical activity interventions: meta-analysis findings." Annals of behavioral Medicine 39.2 (2010): 128-138.

Segar, Michelle L., et al. "The effect of aerobic exercise on self-esteem and depressive and anxiety symptoms among breast cancer survivors."Oncology nursing forum. Vol. 25. No. 1. 1997.

Brown, Justin C., et al. "The efficacy of exercise in reducing depressive symptoms among cancer survivors: a meta-analysis." PLoS One 7.1 (2012): e30955.

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