A melhora das capacidades físicas, promovidas a partir da realização de um programa de exercícios físicos, possui forte associação com a redução das sequelas do câncer e de seu tratamento. A primeira destas capacidades investigadas foi a aptidão cardiorrespiratória. No pioneiro estudo realizado no fim da década de 80 pela pesquisadora Mary MacVicar, o aumento no VO2 max de pacientes em tratamento anticâncer, após treinamento aeróbico, atenuou os sintomas de náuseas e fadiga.
Cabeçalho e resumo do artigo citado acima. |
Mais recentemente, com resultados promissores, a força muscular também passou a ser amplamente investigada. Entretanto, há muitos questionamentos se é possível aumentar a força desta população, principalmente se o paciente estiver em tratamento.
Para tentar responde-los, pesquisadores Noruegueses realizaram revisão de literatura que se concentrou em analisar a resposta da força muscular dos pacientes em tratamento após intervenção de protocolos de exercícios físicos - independente da modalidade realizada e sem olhar para desfechos como os efeitos colaterais do tratamento, por exemplo. Isto é, se a força é uma capacidade física treinável nestas condições. Após criteriosa busca, selecionaram 16 estudos - a maioria com câncer de mama, próstata e hematológico – e três modalidades: aeróbico (caminhada, por exemplo), treinamento de força (musculação) e combinado (aeróbico + musculação).
Cabeçalho do artigo citado acima. |
Os resultados foram contundentes, ambas as modalidades foram capazes de melhorar substancialmente a força muscular dos pacientes em tratamento, quando comparados ao grupo sedentário em tratamento. O treinamento de força foi o mais efetivo em promover tais ganhos. Outro dado analisado foi o ganho de massa muscular, este também, de forma mais modesta, seguiu tendência de aumento após a realização de protocolos de exercícios físicos, enquanto que, neste mesmo período, ocorreu redução de massa magra no grupo sedentário. Estes dados indicam que o paciente oncológico responde positivamente ao estímulo de exercício físico. (ver gráfico abaixo com a comparação dos efeitos destas modalidades na força muscular)
Os artigos analisados apresentaram protocolos de exercícios com volumes e intensidades muito diferentes. Logo, não foi possível concluir sobre dosagens ideais.
De forma direta, os aumentos de força e massa muscular impactam na funcionalidade do paciente – melhora de qualidade de vida. Entretanto, a caquexia oncológica, mais um desdobramento da doença, que acomete, principalmente, pacientes em quadros mais avançados, pode ter sua dinâmica alterada com os ganhos apresentados.
Dando continuidade ao tema, nossa próxima publicação abordará os efeitos do exercício físico na caquexia oncológica.
Até lá...
Rodrigo Ferraz
Artigos citados:
MacVICAR, MARY G., MARYL L. WINNINGHAM, and JENNIE L. NICKEL. "Effects of aerobic interval training on cancer patients' functional capacity." Nursing research 38.6 (1989): 348-353.
Stene, G. B., et al. "Effect of physical exercise on muscle mass and strength in cancer patients during treatment—a systematic review." Critical reviews in oncology/hematology 88.3 (2013): 573-593.
Boa noite, por gentileza gostaria de ler esse artigo mais não consegui encontrar no scielo, consegue compartilhar comigo ? desde ja agradeço.
ResponderExcluirOlá, sou Rodrigo Maciel estou cursando pós graduação em medicina do esporte e meu trabalho de conclusão de curso é uma revisão bibliográfica e o tema eu escoçhi sobre exercícios e cancêr, estou procurando vários artigos sobre o assunto, no pub med estou com dificuldade de conseguir e também no scielo, vocês poderiam compartilhar comigo desde já agradeço a atenção.
ResponderExcluirObrigado.
Rodrigo Maciel. rodrigomspersonal@gmail.com