05 outubro, 2016

Mulheres com câncer de mama podem e devem treinar.



Acaba de ser publicada uma importante Revisão Sistemática da Literatura (RST) sobre os efeitos da realização de exercícios em pacientes com câncer de mama durante o tratamento (quimioterapia ou radioterapia). Seus resultados são relevantes e devem ser considerados na prescrição de exercícios para esta população. 

Por que os resultados de uma RST são importantes? Entende-se que uma RST tem como objetivo reunir estudos semelhantes, avaliando-os criticamente em sua metodologia e reunindo-os numa análise estatística (metanálise) quando possível. Por estas características, a RST é considerada o melhor nível de evidência para distinguir se uma intervenção é ou não é eficiente, resolver controvérsias em tratamentos e determinar terapêuticas que devem ser implementadas. Neste sentido, é muito importante que os profissionais da área de saúde apliquem condutas baseadas nas evidências científicas mais recentes – principalmente se já existem RSTs publicadas sobre o assunto.

Cabeçalho da revisão citada.
Nesta nova metanálise Cochrane foram investigados 21 desfechos relacionados a sequelas da terapêutica. Seus resultados indicam que o exercício durante o tratamento adjuvante para câncer da mama é uma intervenção eficiente. Com base nas atuais evidências, o exercício pode reduzir a fadiga, melhorar o condicionamento físico (aptidão cardiorrespiratória e funcionalidade) e a função cognitiva. Foram encontradas poucas diferenças positivas na depressão e qualidade de vida – avaliadas em questionários específicos para a patologia. (ver gráficos com estes desfechos abaixo)

Gráfico comparando os efeitos do exercício no condicionamento físico entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la)

Gráfico comparando os efeitos do exercício na fadiga entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la)

Gráfico comparando os efeitos do exercício na depressão entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la)

Gráfico comparando os efeitos do exercício na qualidade de vida entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la)

Demais desfechos, tais como a força muscular, mobilidade articular de ombro, autoestima, nível de atividade física e incidência de linfedemas, provavelmente, são beneficiados pelo exercício. Os autores alegam que a qualidade das evidências para estes itens ainda é baixa (poucos estudos de qualidade), dificultando suas conclusões. Outro ponto importante que vale destaque é que em nenhum dos estudos avaliados foram relatados efeitos adversos causados pelo treinamento e poucas pacientes informaram desconforto ou dor nos braços ou pernas após as sessões.

Quando confrontamos os resultados desta RST com a última metanálise Chocrane, de 2006, sobre o assunto, constatamos um aumento significativo de trabalhos avaliados - 32 estudos contra 9 e 2626 pacientes contra 452 – e a reiteração da prática de exercícios nesta população. Mesmo assim, para os autores, ainda há necessidade de mais estudos com um número maior de voluntárias e com maiores tempos de intervenção para corroborar e potencializar estes achados. Não houve conclusão sobre o tipo e dosagem ideais para as pacientes nestas condições.  

Não há como negar as evidências. Mulheres com câncer de mama durante o tratamento podem e devem treinar!

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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

Referências:
Furmaniak, Anna C., Matthias Menig, and Martina H. Markes. "Exercise for women receiving adjuvant therapy for breast cancer." The Cochrane Library (2016).
Markes, Martina, Thomas Brockow, and Karl‐Ludwig Resch. "Exercise for women receiving adjuvant therapy for breast cancer." The Cochrane Library (2006).



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