Acaba de ser publicada uma importante Revisão Sistemática da Literatura (RST)
sobre os efeitos da realização de exercícios em pacientes com câncer de mama durante
o tratamento (quimioterapia ou radioterapia). Seus resultados são relevantes e
devem ser considerados na prescrição de exercícios para esta população.
Por que os resultados
de uma RST são importantes? Entende-se que uma RST tem como objetivo reunir
estudos semelhantes, avaliando-os criticamente em sua metodologia e reunindo-os
numa análise estatística (metanálise) quando possível. Por estas
características, a RST é considerada o melhor nível de evidência para distinguir
se uma intervenção é ou não é eficiente, resolver controvérsias em tratamentos
e determinar terapêuticas que devem ser implementadas. Neste sentido, é muito importante que os profissionais da área de saúde
apliquem condutas baseadas nas evidências
científicas mais recentes – principalmente se já existem RSTs publicadas sobre
o assunto.
Cabeçalho da revisão citada. |
Nesta nova metanálise Cochrane foram investigados 21 desfechos
relacionados a sequelas da terapêutica. Seus resultados indicam que o exercício
durante o tratamento adjuvante para câncer da mama é uma intervenção eficiente.
Com base nas atuais evidências, o exercício pode reduzir a fadiga, melhorar o
condicionamento físico (aptidão cardiorrespiratória e funcionalidade) e a função
cognitiva. Foram encontradas poucas diferenças positivas na depressão e
qualidade de vida – avaliadas em questionários específicos para a patologia. (ver gráficos com estes desfechos abaixo)
Gráfico comparando os efeitos do exercício no condicionamento físico entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la) |
Gráfico comparando os efeitos do exercício na fadiga entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la) |
Gráfico comparando os efeitos do exercício na depressão entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la) |
Gráfico comparando os efeitos do exercício na qualidade de vida entre as pacientes que treinaram e as que não treinaram. (clique na imagem para ampliá-la) |
Demais desfechos, tais como a força muscular, mobilidade articular de ombro, autoestima,
nível de atividade física e incidência de linfedemas, provavelmente, são beneficiados
pelo exercício. Os autores alegam que a qualidade das evidências para estes itens
ainda é baixa (poucos estudos de qualidade), dificultando suas conclusões. Outro
ponto importante que vale destaque é que em nenhum dos estudos avaliados foram
relatados efeitos adversos causados pelo treinamento e poucas pacientes informaram
desconforto ou dor nos braços ou pernas após as sessões.
Quando confrontamos os
resultados desta RST com a última metanálise Chocrane, de 2006, sobre o assunto, constatamos um aumento
significativo de trabalhos avaliados - 32 estudos contra 9 e 2626 pacientes contra
452 – e a reiteração da prática de exercícios nesta população. Mesmo assim, para
os autores, ainda há necessidade de mais estudos com um número maior de
voluntárias e com maiores tempos de intervenção para corroborar e potencializar
estes achados. Não houve conclusão sobre o tipo e dosagem ideais para as
pacientes nestas condições.
Não há como negar as
evidências. Mulheres com câncer de mama durante o tratamento podem e devem
treinar!
Também estamos no Instagram @oncofitness e no Facebook /oncofitness.
Também estamos no Instagram @oncofitness e no Facebook /oncofitness.
Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
Referências:
Furmaniak, Anna C.,
Matthias Menig, and Martina H. Markes. "Exercise for women receiving
adjuvant therapy for breast cancer." The
Cochrane Library (2016).
Markes, Martina,
Thomas Brockow, and Karl‐Ludwig Resch. "Exercise for women receiving
adjuvant therapy for breast cancer." The
Cochrane Library (2006).
Nenhum comentário:
Postar um comentário