O exercício físico, quando realizado de forma regular e sistematizada, apresenta-se como uma excelente ferramenta no tratamento complementar na oncoterapia em pacientes com tumores sólidos. Entretanto, no câncer hematológico (Leucemia, mieloma, linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin – que se desenvolvem tanto na medula óssea ou em tecidos linfáticos), por apresentar menor quantidade de estudos publicados, os benefícios terapêuticos do exercício ainda não estão totalmente elucidados.
A leucemia aguda (LA) é uma doença maligna dos leucócitos (glóbulos brancos). Sua principal característica é o acúmulo de células jovens (blásticas) anormais na medula óssea - local de formação das células que compõe o sangue. Os principais sintomas decorrem do acúmulo dessas células na medula, prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando anemia), dos leucócitos (causando infecções) e das plaquetas (causando hemorragias). Depois de instalada, a LA progride rapidamente – o que a difere da leucemia crônica. Por este motivo a LA deve ser tratada de forma emergencial com quimioterapia. De acordo com a estratificação de risco e resposta à quimio inicial, há necessidade de transplante de medula óssea.
Os efeitos colaterais da LA e de seu tratamento levam a uma considerável redução nos níveis de atividade física entre os pacientes, com comprovado impacto negativo na função cardiorrespiratória, musculoesquelética, habilidades cognitivas, função social e bem-estar psicológico. Para a LA, algumas evidências sugerem que o exercício pode mitigar este quadro.
Cabeçalho do artigo citado abaixo. |
Em recém-publicada metanálise, pesquisadores chineses investigaram os possíveis efeitos do exercício em pacientes com LA durante o tratamento. Após seleção criteriosa foram considerados apenas 9 estudos (n=314). Os resultados agregados mostraram melhora significativa da aptidão cardiorrespiratória e força muscular nos pacientes que se exercitaram – em comparação ao grupo sedentário. (ver gráfico abaixo)
Ao subdividir por faixa etária, as crianças, quando confrontadas com os adultos, foram as que mais se beneficiaram dos exercícios, principalmente para força muscular. Apesar de apresentar tendência de melhora, a fadiga, ansiedade e depressão não revelaram diferenças significativas entre os que treinaram e os sedentários. Não houve conclusão sobre o tipo e dose ideal de exercício. (ver gráfico abaixo)
Gráfico tipo Forrest-Plot comparando as mudanças provocadas na força muscular entre os adultos e crianças com LA que treinaram e não treinaram. (Zhou et al. 2016) (clique no gráfico para ampliá-lo) |
Os autores concluem que o exercício é seguro e eficiente na melhora das capacidades físicas de pacientes com LA, principalmente nas crianças, repercutindo, ainda que de maneira ponderada, positivamente em suas condições clínicas. É cedo para chegarmos às mesmas conclusões dos tumores sólidos. Para isso, são necessários mais e melhores estudos na área. Esperemos por eles...
Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
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Referência do artigo citado:
Zhou, Yuan, et al. "Efficacy of Exercise Interventions in Patients with Acute Leukemia: A Meta-Analysis." PloS one 11.7 (2016): e0159966.
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