11 dezembro, 2015

Efeitos do exercício no paciente com leucemia



Leucemia é um câncer hematológico que acomete a medula óssea, interferindo na produção normal de células sanguíneas – formação descontrolada de glóbulos brancos - levando a sintomas de anemia, imunossupressão e sangramentos. Seu tratamento consiste basicamente em quimioterapia administrada em altas doses e transplante de medula. Os efeitos secundários resultantes comprometem severamente a capacidade funcional e a qualidade de vida do paciente. Dor, náusea, vômito, diarreia, alterações na contagem de células e da composição corporal, fadiga e aumento no risco de infecção estão entre os efeitos colaterais mais comuns. Em alguns casos, estes sintomas são graves o suficiente para impedir a administração e continuidade do tratamento, diminuindo a probabilidade de sobrevivência.

Estudos consistentes e de grande escala corroboram o exercício como uma ferramenta de intervenção importante na redução de sintomas relacionados ao tratamento em pacientes com tumores sólidos. Entretanto, são poucos os estudos que avaliaram o potencial benéfico do exercício na leucemia, durante o tratamento e/ou em sua remissão.


Destacam-se, nesta área, as pesquisas realizadas pelo brasileiro, Dr. Cláudio L. Battaglini, professor associado da Universidade da Carolina do Norte, EUA. Em estudo pioneiro publicado em 2009, Battaglini encontrou, após a realização de três sessões semanais de treinamento aeróbico combinado com o de força - durante cinco semanas - em dez pacientes adultos com leucemia aguda em quimioterapia, melhoras significantes na aptidão cardiorrespiratória e reduções nos escores de fadiga e depressão. Adicionalmente, não foram observadas alterações inflamatórias negativas, explicada pela redução de IL-6 e aumento de IL-10 (gráficos dos principais desfechos abaixo). Entretanto, o principal achado deste estudo foi o de provar a viabilidade da realização de um protocolo de exercícios em pacientes com leucemia.

Cabeçalho do artigo citado no parágrafo acima (Battaglini et col. 2009).

Gráficos dos principais desfechos pré e pós treinamento nos pacientes com leucemia em tratamento (Battaglini et col. 2009). Clique na imagem para visualizá-la melhor.

Mais recentemente (2013), em um protocolo de pesquisa com resultados semelhantes, realizado por pesquisadores do Hospital Universitário de Copenhagen, 17 adultos com leucemia aguda em quimioterapia, participaram, durante seis semanas, de um programa de exercícios - três sessões semanais de treinamento aeróbico e de força - e de aconselhamento para hábitos saudáveis (tabela com o regime de treinamento realizado abaixo) . Após o período de intervenção, foram observadas melhoras significantes na caminhada, funcionalidade, força e qualidade de vida. Não foram relatados efeitos adversos ao treinamento e 75% das sessões programadas foram realizadas, evidenciando que, mesmo durante o tratamento, a prática sistematizada, regular e supervisionada de exercícios para esta população é viável, segura e bem tolerável.

Cabeçalho do artigo citado no parágrafo acima (Jarden et col. 2013).
Tabela do regime de treinamento realizado pelos pacientes com leucemia durante o período da pesquisa (Jarden et col. 2013). Clique na imagem para visualizá-la melhor.

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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

Para saber mais:
Battaglini, Claudio L., et al. "The effects of an exercise program in leukemia patients." Integrative cancer therapies 8.2 (2009): 130-138.

Jarden, Mary, et al. "The emerging role of exercise and health counseling in patients with acute leukemia undergoing chemotherapy during outpatient management."  Leukemia research 37.2 (2013): 155-161.

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