Leucemia
é um câncer hematológico que acomete a medula óssea, interferindo na produção
normal de células sanguíneas – formação descontrolada de glóbulos brancos - levando
a sintomas de anemia, imunossupressão e sangramentos. Seu tratamento consiste
basicamente em quimioterapia administrada em altas doses e transplante de
medula. Os efeitos secundários resultantes comprometem severamente a capacidade
funcional e a qualidade de vida do paciente. Dor, náusea, vômito, diarreia, alterações
na contagem de células e da composição corporal, fadiga e aumento no risco de
infecção estão entre os efeitos colaterais mais comuns. Em alguns casos, estes sintomas
são graves o suficiente para impedir a administração e continuidade do
tratamento, diminuindo a probabilidade de sobrevivência.
Estudos
consistentes e de grande escala corroboram o exercício como uma ferramenta de
intervenção importante na redução de sintomas relacionados ao tratamento em
pacientes com tumores sólidos. Entretanto, são poucos os estudos que avaliaram
o potencial benéfico do exercício na leucemia, durante o tratamento e/ou em sua
remissão.
Destacam-se,
nesta área, as pesquisas realizadas pelo brasileiro, Dr. Cláudio L. Battaglini,
professor associado da Universidade da Carolina do Norte, EUA. Em estudo pioneiro publicado
em 2009, Battaglini encontrou, após a realização de três sessões semanais de
treinamento aeróbico combinado com o de força - durante cinco semanas - em dez
pacientes adultos com leucemia aguda em quimioterapia, melhoras significantes
na aptidão cardiorrespiratória e reduções nos escores de fadiga e depressão.
Adicionalmente, não foram observadas alterações inflamatórias negativas,
explicada pela redução de IL-6 e aumento de IL-10 (gráficos dos principais desfechos abaixo). Entretanto, o principal
achado deste estudo foi o de provar a viabilidade da realização de um protocolo
de exercícios em pacientes com leucemia.
Cabeçalho do artigo citado no parágrafo acima (Battaglini et col. 2009). |
Gráficos dos principais desfechos pré e pós treinamento nos pacientes com leucemia em tratamento (Battaglini et col. 2009). Clique na imagem para visualizá-la melhor. |
Mais
recentemente (2013), em um protocolo de pesquisa com resultados semelhantes, realizado por
pesquisadores do Hospital Universitário de Copenhagen, 17 adultos com leucemia
aguda em quimioterapia, participaram, durante seis semanas, de um programa de
exercícios - três sessões semanais de treinamento aeróbico e de força - e de
aconselhamento para hábitos saudáveis (tabela com o regime de treinamento realizado abaixo) . Após o período de intervenção, foram
observadas melhoras significantes na caminhada, funcionalidade, força e
qualidade de vida. Não foram relatados efeitos adversos ao treinamento e 75%
das sessões programadas foram realizadas, evidenciando que, mesmo durante o
tratamento, a prática sistematizada, regular e supervisionada de exercícios
para esta população é viável, segura e bem tolerável.
Cabeçalho do artigo citado no parágrafo acima (Jarden et col. 2013). |
Tabela do regime de treinamento realizado pelos pacientes com leucemia durante o período da pesquisa (Jarden et col. 2013). Clique na imagem para visualizá-la melhor. |
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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
Para saber mais:
Battaglini, Claudio L., et al. "The effects of an exercise program
in leukemia patients." Integrative
cancer therapies 8.2 (2009):
130-138.
Jarden, Mary, et al. "The emerging role of exercise and health
counseling in patients with acute leukemia undergoing chemotherapy during
outpatient management." Leukemia research 37.2 (2013): 155-161.
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