03 dezembro, 2015

Efeitos do exercício no paciente com câncer de mama.


A cada ano, mais de um milhão de mulheres no mundo são diagnosticas com câncer de mama. No Brasil, a estimativa para 2016 é de aproximadamente 58 mil novos casos.

O tumor e o seu tratamento causam redução da atividade física no paciente, que varia de acordo com a gravidade da doença e da sua intervenção. Nas pacientes mastectomizadas, as sequelas mais comuns do procedimento incluem limitações articulares no ombro, fraqueza nos braços e mãos, linfedema, dor e problemas sensoriais. Terapias adjuvantes, tais como a terapia hormonal, radiação e quimioterapia, causam efeitos colaterais consideráveis que impactam negativamente na qualidade de vida (QV) do paciente. Efeitos colaterais de curto prazo das radiações incluem fadiga e erupção cutânea. Em longo prazo, a radiação pode causar linfedema, toxicidade cardiopulmonar e paralisia do nervo braquial. A quimioterapia tem ação tóxica sobre as células e tecidos saudáveis; seus efeitos colaterais negativos de curto prazo incluem náuseas, diarreia, dor de cabeça, trombose, dores musculares, neuropatias e fadiga. Seus efeitos em longo prazo incluem a menopausa prematura, ganho de peso, diminuição da função cardíaca, problemas cognitivos, ansiedade e depressão. Dentre todos os sintomas apresentados, a fadiga crônica é o mais comum e seu tratamento tende a ser o mais difícil e prolongado. 

Cabeçalho do artigo citado no parágrafo abaixo.

O exercício físico é considerado uma importante e eficaz ferramenta de intervenção durante e após o tratamento do câncer de mama no que se refere à melhora dos sintomas listados acima. Em estudo recente, publicado em 2015, após oito semanas de um treinamento que contemplava exercícios aeróbicos, de força e alongamento, as 62 pacientes em tratamento adjuvante de câncer de mama melhoraram significativamente a saúde global, funções físicas e emocionais, quando comparadas ao grupo sedentário. Adicionalmente, houve redução de sintomas relacionados aos efeitos colaterais do tratamento (dor, náusea e fadiga). 

Cabeçalho do primeiro artigo citado no parágrafo abaixo.

Gráfico Forest Plot comparando o efeito do exercício na fadiga em pacientes com câncer de mama (McNeely, et col. 2006). Clique na imagem para visualiza-la melhor.

De fato, os achados deste estudo estão de acordo com as evidências já relatadas. Em revisão de literatura (meta-análise) de 2006, que analisou 14 estudos envolvendo 717 pacientes, foram encontradas significantes melhoras provocadas pelo exercício na QV, aptidão cardiorrespiratória, funcionalidade e fadiga crônica (ver gráfico acima) , tanto nas pacientes em tratamento quanto nas sobreviventes do câncer de mama. Em outra revisão (Baumann et. col. 2013), além dos achados acima citados, os autores encontraram fortes evidências da ação do exercício na redução de linfedemas, na melhora do sistema imunológico e na redução do risco de metástases (ver tabela abaixo de recomendações específicas de exercício para estes fatores). Pacientes que se exercitaram durante e após o tratamento tiveram uma redução de 34% na mortalidade associada à doença e 41% na mortalidade geral.

Cabeçalho do segundo artigo citado no parágrafo acima.

Tabela com recomendações específicas de exercício em pacientes com câncer de mama (Baumann, et col. 2013). Clique na imagem para visualiza-la melhor.

Diante do exposto, a realização de exercícios físicos parece ser uma ótima estratégia  tanto para melhorar a QV da paciente com câncer de mama como o prognóstico da doença.

Até a próxima...

Rodrigo Ferraz

Para saber mais:
Do, Junghwa, Youngki Cho, and Jaeyong Jeon. "Effects of a 4-Week Multimodal Rehabilitation Program on Quality of Life, Cardiopulmonary Function, and Fatigue in Breast Cancer Patients." Journal of breast cancer18.1 (2015): 87-96.
McNeely, Margaret L., et al. "Effects of exercise on breast cancer patients and survivors: a systematic review and meta-analysis." Canadian Medical Association Journal 175.1 (2006): 34-41.
Baumann, Freerk T., et al. "Physical activity in breast cancer patients during medical treatment and in the aftercare-a review." Breast Care 8.5 (2013): 330-334.


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