A
cada ano, mais de um milhão de mulheres no mundo são diagnosticas com câncer de
mama. No Brasil, a estimativa para 2016 é de aproximadamente 58 mil novos
casos.
O
tumor e o seu tratamento causam redução da atividade física no paciente, que
varia de acordo com a gravidade da doença e da sua intervenção. Nas pacientes mastectomizadas,
as sequelas mais comuns do procedimento incluem limitações articulares no ombro,
fraqueza nos braços e mãos, linfedema, dor e problemas sensoriais. Terapias
adjuvantes, tais como a terapia hormonal, radiação e quimioterapia, causam efeitos
colaterais consideráveis que impactam negativamente na qualidade de vida (QV)
do paciente. Efeitos colaterais de curto prazo das radiações incluem fadiga e
erupção cutânea. Em longo prazo, a radiação pode causar linfedema, toxicidade
cardiopulmonar e paralisia do nervo braquial. A quimioterapia tem ação tóxica
sobre as células e tecidos saudáveis; seus efeitos colaterais negativos de
curto prazo incluem náuseas, diarreia, dor de cabeça, trombose, dores musculares,
neuropatias e fadiga. Seus efeitos em longo prazo incluem a menopausa
prematura, ganho de peso, diminuição da função cardíaca, problemas cognitivos,
ansiedade e depressão. Dentre todos os sintomas apresentados, a fadiga crônica é
o mais comum e seu tratamento tende a ser o mais difícil e prolongado.
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Cabeçalho do artigo citado no parágrafo abaixo.
O
exercício físico é considerado uma importante e eficaz ferramenta de
intervenção durante e após o tratamento do câncer de mama no que se refere à
melhora dos sintomas listados acima. Em estudo recente, publicado em 2015, após
oito semanas de um treinamento que contemplava exercícios aeróbicos, de força e
alongamento, as 62 pacientes em tratamento adjuvante de câncer de mama
melhoraram significativamente a saúde global, funções físicas e emocionais,
quando comparadas ao grupo sedentário. Adicionalmente, houve redução de
sintomas relacionados aos efeitos colaterais do tratamento (dor, náusea e
fadiga).
Cabeçalho do primeiro artigo citado no parágrafo abaixo.
Gráfico Forest Plot comparando o efeito do exercício na fadiga em pacientes com câncer de mama (McNeely, et col. 2006). Clique na imagem para visualiza-la melhor.
De
fato, os achados deste estudo estão de acordo com as evidências já relatadas.
Em revisão de literatura (meta-análise) de 2006, que analisou 14 estudos
envolvendo 717 pacientes, foram encontradas significantes melhoras provocadas
pelo exercício na QV, aptidão cardiorrespiratória, funcionalidade e fadiga
crônica (ver gráfico acima) , tanto nas pacientes em tratamento quanto nas sobreviventes do câncer
de mama. Em outra revisão (Baumann et. col. 2013), além dos achados acima
citados, os autores encontraram fortes evidências da ação do exercício na
redução de linfedemas, na melhora do sistema imunológico e na redução do risco
de metástases (ver tabela abaixo de recomendações específicas de exercício para estes fatores). Pacientes que se exercitaram durante e após o tratamento tiveram
uma redução de 34% na mortalidade associada à doença e 41% na mortalidade
geral.
Cabeçalho do segundo artigo citado no parágrafo acima.
Tabela com recomendações específicas de exercício em pacientes com câncer de mama (Baumann, et col. 2013). Clique na imagem para visualiza-la melhor.
Diante
do exposto, a realização de exercícios físicos parece ser uma ótima estratégia tanto para melhorar a QV da paciente com
câncer de mama como o prognóstico da doença.
Até
a próxima...
Rodrigo
Ferraz
Para
saber mais:
Do, Junghwa, Youngki Cho, and Jaeyong Jeon. "Effects of a 4-Week
Multimodal Rehabilitation Program on Quality of Life, Cardiopulmonary Function,
and Fatigue in Breast Cancer Patients." Journal
of breast cancer18.1 (2015): 87-96.
McNeely, Margaret L., et al. "Effects of exercise on breast cancer
patients and survivors: a systematic review and meta-analysis." Canadian Medical Association
Journal 175.1 (2006): 34-41.
Baumann, Freerk T., et al. "Physical activity in breast cancer
patients during medical treatment and in the aftercare-a review." Breast Care 8.5 (2013): 330-334.
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