O câncer mais frequente entre os
homens é o de pulmão. Pacientes que enfrentam este quadro sofrem com uma
infinidade de sintomas que influenciam negativamente a função física e as atividades
do cotidiano. Dentre os tipos de câncer, o de pulmão é o que está associado a um
maior sofrimento psicológico e diminuição de qualidade vida do paciente, causados
não apenas pela doença, mas também pelo seu tratamento. Além disso, o
prognóstico e, por conseguinte a taxa de sobrevida está diretamente ligada à
carga sintomática relatada.
Os tumores localizados
no pulmão interferem diretamente na mecânica pulmonar e nas trocas gasosas, resultando
em anorexia, anemia, o catabolismo proteico e perda de massa muscular. Por
efeito, 99% dos pacientes com câncer de pulmão apresentam um quadro de fadiga
crônica. Seu tratamento consiste em, basicamente, cirurgia e quimioterapia. Comparado
com medidas pré-operatórias, a taxa de pico do consumo de oxigênio (VO2
pico) pode reduzir em até 28% nos seis meses seguintes a ressecção pulmonar. Dando
continuidade, a terapia adjuvante como a quimioterapia inicia uma 'tempestade de
descondicionamento' que reduz ainda mais a capacidade de fornecimento de oxigênio
e substratos aos músculos. Neste sentido, diante dos achados em uma população
saudável e com DPOC, parece intuitivo pensar que a realização sistemática de
exercícios físicos pode contribuir para a melhora deste quadro nesta população.
Cabeçalho do artigo citado abaixo. |
De fato, em revisão de literatura
publicada neste ano, Paramanandam et col.
concluem, após selecionarem 10 estudos
considerados de boa qualidade cientifica, que a prática de exercícios físicos
em pacientes com câncer de pulmão é segura e viável, mesmo em situações associadas
à multiplicidade de sintomas que restringem a capacidade física.
Adicionalmente, foram encontradas melhoras nas capacidades físicas e na
qualidade de vida dos pacientes exercitados quando comparados ao grupo
sedentário.
Cabeçalho do artigo citado abaixo. |
Em outra revisão sistemática
(Cochrane) de 2014, os achados foram semelhantes. Os autores, após a análise de
três estudos, totalizando 178 pacientes pós-ressecção pulmonar de tumor de
células não pequenas, encontraram aumentos significativos em suas capacidades
físicas e qualidade de vida (ver gráfico dos efeitos abaixo). Entretanto, não acharam melhoras na função
pulmonar quando comparados aos que não se exercitaram. Em ambas as revisões, destaca-se
a necessidade da prescrição de exercícios ser individualizada e adaptada às
capacidades do paciente com câncer de pulmão e do acompanhamento
individualizado de um profissional capacitado em todas as sessões de treinos.
Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
Para saber mais:
Cavalheri, Vinicius, et al.
"Exercise training for people following lung resection for non-small cell
lung cancer–a Cochrane systematic review." Cancer treatment reviews 40.4 (2014): 585-594.
Paramanandam, V. S., and V. Dunn.
"Exercise for the management of cancer‐related fatigue in lung cancer: a systematic
review." European journal of cancer care 24.1 (2015): 4-14.
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