27 novembro, 2015

Efeitos do exercício no paciente com câncer de pulmão


O câncer mais frequente entre os homens é o de pulmão. Pacientes que enfrentam este quadro sofrem com uma infinidade de sintomas que influenciam negativamente a função física e as atividades do cotidiano. Dentre os tipos de câncer, o de pulmão é o que está associado a um maior sofrimento psicológico e diminuição de qualidade vida do paciente, causados não apenas pela doença, mas também pelo seu tratamento. Além disso, o prognóstico e, por conseguinte a taxa de sobrevida está diretamente ligada à carga sintomática relatada.


Os tumores localizados no pulmão interferem diretamente na mecânica pulmonar e nas trocas gasosas, resultando em anorexia, anemia, o catabolismo proteico e perda de massa muscular. Por efeito, 99% dos pacientes com câncer de pulmão apresentam um quadro de fadiga crônica. Seu tratamento consiste em, basicamente, cirurgia e quimioterapia. Comparado com medidas pré-operatórias, a taxa de pico do consumo de oxigênio (VO2 pico) pode reduzir em até 28% nos seis meses seguintes a ressecção pulmonar. Dando continuidade, a terapia adjuvante como a quimioterapia inicia uma 'tempestade de descondicionamento' que reduz ainda mais a capacidade de fornecimento de oxigênio e substratos aos músculos. Neste sentido, diante dos achados em uma população saudável e com DPOC, parece intuitivo pensar que a realização sistemática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora deste quadro nesta população.

Cabeçalho do artigo citado abaixo.

De fato, em revisão de literatura publicada neste ano, Paramanandam et col. concluem, após selecionarem  10 estudos considerados de boa qualidade cientifica, que a prática de exercícios físicos em pacientes com câncer de pulmão é segura e viável, mesmo em situações associadas à multiplicidade de sintomas que restringem a capacidade física. Adicionalmente, foram encontradas melhoras nas capacidades físicas e na qualidade de vida dos pacientes exercitados quando comparados ao grupo sedentário.


Cabeçalho do artigo citado abaixo.


Em outra revisão sistemática (Cochrane) de 2014, os achados foram semelhantes. Os autores, após a análise de três estudos, totalizando 178 pacientes pós-ressecção pulmonar de tumor de células não pequenas, encontraram aumentos significativos em suas capacidades físicas e qualidade de vida (ver gráfico dos efeitos abaixo). Entretanto, não acharam melhoras na função pulmonar quando comparados aos que não se exercitaram. Em ambas as revisões, destaca-se a necessidade da prescrição de exercícios ser individualizada e adaptada às capacidades do paciente com câncer de pulmão e do acompanhamento individualizado de um profissional capacitado em todas as sessões de treinos.

Gráfico do tipo Forest Plot com a comparação dos efeitos do exercício na capacidade física e qualidade de vida entre os pacientes treinados e não treinados com câncer de pulmão (Cavalheri et al. 2014). Clique na imagem para visualiza-la melhor.

Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

Para saber mais:
Cavalheri, Vinicius, et al. "Exercise training for people following lung resection for non-small cell lung cancer–a Cochrane systematic review." Cancer treatment reviews 40.4 (2014): 585-594.

Paramanandam, V. S., and V. Dunn. "Exercise for the management of cancerrelated fatigue in lung cancer: a systematic review." European journal of cancer care 24.1 (2015): 4-14.



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