16 abril, 2015

Quais são os efeitos de diferentes tipos de exercício na fadiga crônica durante e após o tratamento?


A fadiga crônica não é só uma realidade durante o tratamento; estudos mostram que seus sintomas podem durar até cinco anos após intervenção. Sendo assim, a realização de um programa de atividade física torna-se importante não só aos pacientes que estão combatendo a doença, mas também aos sobreviventes.
Os autores de uma meta-análise (Puetz e cols. 2012) compararam os efeitos do treinamento físico na redução da fadiga crônica em quatro grupos: pacientes em tratamento com e sem exercício, sobreviventes com e sem exercício. Nos pacientes em tratamento, houve um aumento de 29% nos níveis de fadiga entre os que não se exercitaram e uma redução de 4% nos que se exercitaram. Entre os sobreviventes, a redução foi de 1% nos não exercitados e de 20% nos exercitados (ver gráfico abaixo).

(Puetz et col. 2012)

Outro importante dado encontrado neste estudo é que quanto melhor a condição física do paciente antes do tratamento, maior será sua aderência no programa de atividade física durante o tratamento e, por conseguinte, maior será a redução em seus níveis de fadiga. Aconselha-se então, que pacientes sedentários, assim que recebam o diagnóstico de câncer, antes do início da tríade (cirurgia+quimioterapia+radioterapia), iniciem um programa de treinamento.

Em outra meta-análise (Tomlinson et col. 2014), foi observada a efetividade dos diversos tipos de exercícios (modalidades) realizados pelos pacientes durante o tratamento. As diferenças de efeitos na redução da fadiga crônica entre as modalidades foram pequenas; sendo o misto ou concorrente (força+aeróbico) promotor do maior efeito, seguido de força (musculação), aeróbico, Yoga e, por último, a caminhada.  Na comparação entre os exercícios realizados em uma clínica/academia com acompanhamento de um especialista e os executados em casa seguindo uma prescrição prévia, os supervisionados promoveram redução maior na fadiga. Na maioria dos estudos analisados, a frequência de realização dos exercícios foi de três a quatro vezes por semana.


Portanto, diante destes dados, a realização de um protocolo de exercícios, não importando o modo, de forma sistemática e supervisionada em local específico, parece ser uma estratégia altamente recomendada para a redução dos níveis da fadiga crônica antes, durante a após o tratamento em pacientes com câncer.

MSc. Rodrigo Ferraz
Profa. Dra. Patrícia Lopes de Campos-Ferraz

Referências:

Puetz, Timothy W., and Matthew P. Herring. "Differential effects of exercise on cancer-related fatigue during and following treatment: a meta-analysis."American journal of preventive medicine 43.2 (2012): e1-e24.

Tomlinson, Deborah, et al. "Effect of exercise on cancer-related fatigue: a meta-analysis." American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation 93.8 (2014): 675-686.

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