23 novembro, 2015

Exercício no tratamento do câncer: um novo olhar.


Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 tipos de doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células anormais com potencial invasivo e é considerado um grave problema de saúde pública mundial que deverá se agravar em consequência da crescente exposição da população a fatores de risco e do aumento na expectativa de vida. A previsão mundial é que em 2030 os números de casos diagnosticados cheguem a 21,4 milhões. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para 2015 é de 395 mil casos novos de câncer.

Sabe-se que o esquema terapêutico anticâncer tem como base a remoção do tecido acometido e a destruição de células tumorais por diferentes agentes. Nas últimas décadas a qualidade do tratamento, que consiste fundamentalmente em cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia, evoluiu muito, resultando em um alto grau de sucesso para a cura de vários tipos de câncer. Somado a estes avanços tecnológicos, o diagnóstico, que cada vez é mais precoce, contribui para a redução na mortalidade da doença. Nos EUA existem mais de nove milhões de sobreviventes. Entretanto, em virtude destes procedimentos, há presença de efeitos colaterais importantes como redução da capacidade respiratória, cardiopatias, anemia, fadiga extrema, neuropatias, imunossupressão, osteopenia, perdas funcionais, piora da qualidade de vida, entre outras, tanto durante quanto após o tratamento.

Até alguns anos atrás, um paciente era orientado a reduzir sua atividade física a fim de poupar sua energia para o tratamento. No entanto, atualmente, muitos estudos científicos tem mostrado a eficácia de um programa de exercícios físicos a esse quadro no tocante a melhora dos parâmetros listados acima. Por efeito, pacientes bem condicionados, por suportarem melhor o regime terapêutico, aderem melhor às sessões medicamentosas, repercutindo de forma positiva em sua eficácia e no prognóstico da doença. Em países como EUA, Alemanha, Austrália e Espanha, a atividade física já faz parte como tratamento adjuvante e são vários os serviços que a oferecem ao paciente com câncer. Aqui no Brasil, sobretudo em São Paulo, os hospitais e clínicas de ponta começam a estruturar suas instalações para oferecer mais essa ferramenta.

Neste sentido, tem-se a necessidade de uma prescrição de exercícios eficaz, tolerável e segura para esta população. Cabe ao profissional responsável conhecer as necessidades e limitações de um paciente com câncer, assim como as interações de volume, intensidade e modalidade esportiva com a patologia e o seu tratamento. Aspectos clínicos, fisiológicos, metabólicos, energéticos, biomecânicos, fisiopatológicos e culturais devem orientar a escolha da rotina de treinamento. No entanto, o mercado carece de profissionais qualificados para atender esta crescente demanda.

Até a próxima...

Rodrigo Ferraz

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