Desde os primeiros estudos publicados na década de 90, pesquisadores têm encontrado fortes indícios de que pacientes que treinam durante e após o tratamento anticâncer vivem, não apenas melhor, mas por mais tempo, quando comparados aos sedentários. Com o passar dos anos, o número de publicações sobre o assunto aumentou muito, assim como as evidências sobre a diminuição de recidivas e o aumento na longevidade. Porém, estes resultados ainda se apresentavam de forma isolada, dificultando maiores esclarecimentos.
Neste sentido, em 2010, pesquisadores da Universidade McMaster de Ontário, Canadá, publicaram uma importante revisão de literatura que, pela primeira vez, agrupou os desfechos já publicados de 10 estudos (7 de câncer de mama e 3 de câncer colón/colorretal) considerados, pelos autores, potencialmente relevantes pela sua excelência na execução (Barbaric, Mary, et al. 2010). Os resultados encontrados foram categóricos, pacientes com câncer de mama que se exercitaram durante o tratamento tiveram suas taxas de mortalidade reduzidas, principalmente nas mulheres com tumores hormônio-responsivo. Dinâmica semelhante também foi observada nos pacientes com câncer de colón ou colorretal. Os autores enfatizaram a clara relação inversa entre quantidade de exercício realizada durante o tratamento e a mortalidade. Fato não observado com a intensidade do exercício.
Cabeçalho do artigo citado acima (Barbaric, Mary, el al. 2010) |
A fim de estabelecer quantidades ideais de exercício e quantificar seu potencial efeito, no ano passado, pesquisadores chineses publicaram uma meta-análise (técnica estatística desenvolvida para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes, sobre uma mesma questão de pesquisa, combinando, em uma medida resumo, os resultados de tais estudos) envolvendo 71 estudos, somando 69 mil pacientes (Li, Tingting, et al. 2015). Os resultados encontrados foram semelhantes aos do estudo de 2010; de maneira geral, pacientes que treinaram, pelo menos, 2,5h de maneira moderada ao longo da semana – equivalente, por exemplo, a uma caminhada de 40 minutos, 4x na semana – reduziram em até 13% sua mortalidade, e conforme o tempo de treinamento aumenta, estes valores podem atingir 27% para 7,5h/semana - aproximadamente 1h de caminhada todos os dias (ver gráfico abaixo). Adicionalmente, o nível de atividade física realizada antes do diagnóstico parece ser menos importante como fator protetor quando comparado ao nível pós-diagnóstico. Os pesquisadores destes dois estudos sugerem alguns possíveis mecanismos com potencial de ação antitumoral e que podem ser estimulados com o exercício físico. Alguns já foram investigados por estudos recentes e apresentaram resultados promissores (sugerimos a leitura do texto: Redução do crescimento tumoral provocada pelo exercício).
Cabeçalho do artigo citado acima (Li, Tingting, et al. 2015) |
Mais uma vez, ratifica-se o benefício
causado pela realização sistemática e orientada do exercício nesta população,
durante e após o tratamento. Porém, para atingir os níveis consideráveis ótimos
de exercício, é necessária uma programação de treinamento que considere a atual
condição física do paciente. Apenas profissionais capacitados podem prescrever
a dose e o tipo de exercício e realizar as evoluções específicas no treinamento.
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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz
Artigos
citados:
Barbaric, Mary, et
al. "Effects of physical activity on cancer survival: a systematic
review." Physiotherapy
Canada 62.1 (2010): 25-34.
Li, Tingting, et al.
"The dose–response effect of physical activity on cancer mortality:
findings from 71 prospective cohort studies." British journal of sports medicine (2015): bjsports-2015.
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