23 maio, 2018

Exercício após a mastectomia


A prática regular e sistemática de exercícios físicos (EF) mostra-se eficaz, segura e exequível em mulheres mastectomizadas, tanto durante quanto depois do tratamento.

Além da melhora comprovada das capacidades físicas (força/potência, flexibilidade e aeróbica), o EF também atenua os efeitos colaterais do tratamento anticâncer. Destaca-se, para esta população, a redução significativa da fadiga.
Efeito do exercício na redução da fadiga durante e após o tratamento em mulheres com câncer de mama (Juvet et al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la.


O EF, através de mecanismos ligados ao aumento da perfusão sanguínea no microambiente tumoral e da melhora do sistema imunológico, potencializa a ação dos agentes quimioterápicos e das células NK (natural killer), repercutindo na redução do crescimento tumoral.

Cabeçalho do artigo que discute o item acima.
A consequência dos itens citados acima é a melhora da qualidade de vida e aumento de sobrevida – estudos mostram que baixo volume e intensidade de EF durante e após o tratamento possuem pouca ou nenhuma eficácia na redução da mortalidade.

Cabeçalho do artigo que discute o item acima.
Antes da mastectomia: logo após o diagnóstico, as pacientes sedentárias devem iniciar um programa de EF. Para as que já praticam, recomenda-se intensificar o treinamento. Também, neste período, devem ser realizadas avaliações físicas (avaliação postural, ergoespirometria, antropometria, amplitude de movimento de membros superiores, etc.) e questionários específicos (qualidade de vida e funcionalidade). (ver tabela abaixo)

Tabela com as recomendações das avaliações pré mastectomia (Wilson el al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la.
Pós-cirurgia: iniciar, ainda no hospital, caminhada (5’ a 10’ 2x/dia) e rotina de alongamentos para membros superiores (2 a 7X/dia) no dia seguinte a cirurgia. Manter esta rotina nas duas primeiras semanas pós-intervenção.

Cabeçalho do artigo que investigou os benefícios do alongamento após cirurgia (Scaffidi el al. 2012). 
Após segunda semana: intensificar o programa de condicionamento aeróbico (pelo menos 150’/semana com intensidade moderada a intensa). Continuar com alongamento (recomenda-se mantê-lo ao longo do primeiro ano). Iniciar treinamento de força para membros superiores (cargas leves entre 0,5 e 1Kg, movimentos lentos e controlados, 2 séries de 10 repetições por exercício).

Tabela com a rotina de treinamento aeróbico (Wilson et al. 2017). Clique na imagem para ampliá-la.

Evidências cientificas corroboram a eficácia do treinamento de força para membros superiores em pacientes mastectomizadas na manutenção da força e massa muscular e atestam sua segurança (não aumentam o tamanho e a incidência de linfedemas).

Cabeçalho do artigo que discute o item acima.


A progressão do volume e intensidade e a escolha dos exercícios devem respeitar o estado físico e emocional da paciente. A liberação à pratica do EF deve ser feita pelo médico responsável.

Tabela com os benefícios do exercício físico nas pacientes mastectomizadas (Wilson et al. 2017).
Lista dos artigos citados:
  • Juvet, L. K., et al. "The effect of exercise on fatigue and physical functioning in breast cancer patients during and after treatment and at 6 months follow-up: A meta-analysis." The Breast 33 (2017): 166-177.
  • Koelwyn, Graeme J., et al. "Exercise-dependent regulation of the tumour microenvironment." Nature reviews. Cancer 17.10 (2017): 545.
  • Hojman, Pernille, et al. "Molecular Mechanisms Linking Exercise to Cancer Prevention and Treatment." Cell Metabolism (2017).
  • Li, Tingting, et al. "The dose–response effect of physical activity on cancer mortality: findings from 71 prospective cohort studies." Br J Sports Med(2015): bjsports-2015.
  • Wilson, Donna J. "Exercise for the patient after breast cancer surgery." Seminars in oncology nursing. Vol. 33. No. 1. WB Saunders, 2017.
  • Scaffidi, M., et al. "Early rehabilitation reduces the onset of complications in the upper limb following breast cancer surgery." European journal of physical and rehabilitation medicine 48.4 (2012): 601-611.
  • Schmitz, Kathryn H., et al. "Weight lifting in women with breast-cancer–related lymphedema." New England Journal of Medicine 361.7 (2009): 664-673

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Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

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