01 outubro, 2016

Efeitos do exercício na Leucemia Aguda


O exercício físico, quando realizado de forma regular e sistematizada, apresenta-se como uma excelente ferramenta no tratamento complementar na oncoterapia em pacientes com tumores sólidos. Entretanto, no câncer hematológico (Leucemia, mieloma, linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin – que se desenvolvem tanto na medula óssea ou em tecidos linfáticos), por apresentar menor quantidade de estudos publicados, os benefícios terapêuticos do exercício ainda não estão totalmente elucidados.

A leucemia aguda (LA) é uma doença maligna dos leucócitos (glóbulos brancos). Sua principal característica é o acúmulo de células jovens (blásticas) anormais na medula óssea - local de formação das células que compõe o sangue. Os principais sintomas decorrem do acúmulo dessas células na medula, prejudicando ou impedindo a produção dos glóbulos vermelhos (causando anemia), dos leucócitos (causando infecções) e das plaquetas (causando hemorragias). Depois de instalada, a LA progride rapidamente – o que a difere da leucemia crônica. Por este motivo a LA deve ser tratada de forma emergencial com quimioterapia. De acordo com a estratificação de risco e resposta à quimio inicial, há necessidade de transplante de medula óssea.

Os efeitos colaterais da LA e de seu tratamento levam a uma considerável redução nos níveis de atividade física entre os pacientes, com comprovado impacto negativo na função cardiorrespiratória, musculoesquelética, habilidades cognitivas, função social e bem-estar psicológico. Para a LA, algumas evidências sugerem que o exercício pode mitigar este quadro.


Cabeçalho do artigo citado abaixo.

Em recém-publicada metanálise, pesquisadores chineses investigaram os possíveis efeitos do exercício em pacientes com LA durante o tratamento. Após seleção criteriosa foram considerados apenas 9 estudos (n=314). Os resultados agregados mostraram melhora significativa da aptidão cardiorrespiratória e força muscular nos pacientes que se exercitaram – em comparação ao grupo sedentário. (ver gráfico abaixo)

Gráfico tipo Forrest-Plot comparando as mudanças provocadas na aptidão cardiorrespiratória entre os pacientes com LA que treinaram e com os que não treinaram. (Zhou et al. 2016) (clique no gráfico para ampliá-lo)

Ao subdividir por faixa etária, as crianças, quando confrontadas com os adultos, foram as que mais se beneficiaram dos exercícios, principalmente para força muscular. Apesar de apresentar tendência de melhora, a fadiga, ansiedade e depressão não revelaram diferenças significativas entre os que treinaram e os sedentários. Não houve conclusão sobre o tipo e dose ideal de exercício. (ver gráfico abaixo)
Gráfico tipo Forrest-Plot comparando as mudanças provocadas na força muscular entre os adultos e crianças com LA que treinaram e não treinaram. (Zhou et al. 2016) (clique no gráfico para ampliá-lo)

Os autores concluem que o exercício é seguro e eficiente na melhora das capacidades físicas de pacientes com LA, principalmente nas crianças, repercutindo, ainda que de maneira ponderada, positivamente em suas condições clínicas. É cedo para chegarmos às mesmas conclusões dos tumores sólidos. Para isso, são necessários mais e melhores estudos na área. Esperemos por eles...

Até a próxima...
Rodrigo Ferraz

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Referência do artigo citado:
Zhou, Yuan, et al. "Efficacy of Exercise Interventions in Patients with Acute Leukemia: A Meta-Analysis." PloS one 11.7 (2016): e0159966.

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