16 dezembro, 2015

Síntese proteica na caquexia neoplásica. O que muda após uma refeição?



Recentemente, foi publicado um interessante artigo de Djik e colaboradores, onde os autores investigaram a dinâmica da síntese e degradação proteica em 8 pacientes caquéticos portadores de câncer na cabeça do pâncreas, comparada a um grupo controle de pacientes internados para outras cirurgias do sistema gastrointestinal.

Todos foram submetidos a jejum de 8 horas e após, receberam infusão de vários aminoácidos marcados com isótopos estáveis, durante 4 horas. Depois desse período, receberam refeição oral (produto comercial) balanceada e também marcada com os mesmos aminoácidos. Amostras de sangue foram retiradas de hora em hora até o final do experimento.

Cabeçalho do artigo apresentado.

Foram estimadas a síntese proteica fracionada (FRS, em inglês), bilirrubinas (proteínas hepáticas) e enzimas do fígado. Observou-se que em jejum, o balanço proteico dos pacientes e do grupo controle era similar. Entretanto, ao receber a refeição oral, o grupo controle mantinha seu balanço proteico aumentando a síntese e a degradação de proteína, enquanto que os pacientes com câncer apresentaram outra estratégia, mantinham seu balanço através da diminuição da degradação proteica, porém sem alterações na síntese proteica esperadas em indivíduos hígidos. (ver gráficos abaixo)

Gráficos de síntese proteica pré e pós intervenção nos grupos Caquexia e Controle (Djik et col. 2015). Clique na imagem para visualizá-la melhor.

Os autores concluem que, diante destes achados, parece haver uma resistência anabólica nos pacientes com caquexia neoplásica mais intensa que outras caquexias provocadas por patologias como a AIDS e a DPOC. Também ressaltam que em outros trabalhos onde caquéticos tiveram síntese proteica pós-prandial igual aos controles, ocorreram problemas metodológicos tais como baixo número de sujeitos, falta de correção na taxa de síntese proteica pela massa magra ou mesmo teores de whey protein ou BCAA maiores que a oferecida nesse estudo. Deve-se considerar, no entanto, que a síntese proteica fracionada aguda acessada nesse estudo não se correlaciona tão bem com a síntese proteica muscular em longo prazo.

Assim, esse trabalho amplia nossa compreensão sobre a resposta à refeição num paciente oncológico caquético e oferece possibilidades de estudo para estratégias nutricionais que possam melhorar essa resposta.

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Até logo...

Dra. Patrícia Ferraz

Para saber mais:

Dijk, David PJ, et al. "Effects of oral meal feeding on whole body protein breakdown and protein synthesis in cachectic pancreatic cancer patients."Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle (2015).

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