28 setembro, 2015

Suplementação nutricional na Sarcopenia



O envelhecimento traz com ele uma série de mudanças no organismo. Entre elas, está a perda de massa muscular associada à perda de força muscular. Com menos força muscular, há também a perda de funcionalidade, ou seja, as atividades cotidianas como carregar peso, subir escadas, sentar-se e levantar-se, etc, tornam-se mais difíceis, comprometendo a independência e prejudicando o controle motor.

Sabe-se que a suplementação de proteínas pode auxiliar o ganho de massa muscular tanto em indivíduos jovens como em idosos. No entanto, o músculo esquelético do idoso parece responder de forma diferente. Após consumir uma refeição rica em proteínas (20g), comparada ao indivíduo jovem, a digestão e absorção, a resposta à sinalização anabólica, a captação de aminoácidos e proteínas, menor disponibilidade de aminoácidos pós-prandial são menores, ao passo que há maior captação esplênica de aminoácidos. Isso constitui um fenômeno chamado de “resistência anabólica do idoso”. 

Um interessante artigo do grupo do Prof. Luc Van Loon mostra que a perda de massa muscular do idoso se dá por perdas de fibras musculares do tipo II (contração rápida). Ao mesmo tempo, o treinamento físico de força se mostra como uma das estratégias mais eficazes para recuperar pelo menos parte das fibras musculares rápidas perdidas com a idade.  Além disso, o grupo do Prof. Stuart Philips mostrou que uma suplementação de 40g de proteínas pós-treino de força em idosos apresentou o melhor resultado em síntese de proteínas miofibrilares.
Cabeçalho do artigo publicado pelo grupo do Prof. Stuart Philips.

Cabeçalho do artigo publicado pelo grupo do Prof. Luc Van Loon.


Assim, a melhor estratégia para manter ou recuperar a massa muscular perdida com a idade parece suplementar proteínas com uma dosagem maior que a geralmente praticada (40g ao invés de 20g) associado ao treinamento de força. Obviamente, esse treinamento de força deverá ser realizado após avaliação médica e prescrita por profissional competente. Além da quantidade de proteínas, a qualidade parece ser importante. Comparando a proteína de soja com a proteína do soro do leite, os artigos mostram que esta última tem um resultado agudo superior.  É claro que tomar um suplemento proteico nessas quantidades certamente afetará o apetite do idoso nas refeições subsequentes e isso terá que ser avaliado, pois parece que fracionar as refeições para que elas ofereçam um aporte razoável de proteína para o idoso também pode interferir nos resultados.

Até a próxima.

Drª Patrícia Ferraz

Para saber mais:

Nilwik, Rachel, et al. "The decline in skeletal muscle mass with aging is mainly attributed to a reduction in type II muscle fiber size." Experimental gerontology 48.5 (2013): 492-498.

Churchward‐Venne, Tyler A., Leigh Breen, and Stuart M. Phillips. "Alterations in human muscle protein metabolism with aging: protein and exercise as countermeasures to offset sarcopenia." Biofactors 40.2 (2014): 199-205.


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