A fadiga crônica não é só uma realidade durante o tratamento;
estudos mostram que seus sintomas podem durar até cinco anos após intervenção. Sendo
assim, a realização de um programa de atividade física torna-se importante não
só aos pacientes que estão combatendo a doença, mas também aos sobreviventes.
Os autores de uma meta-análise (Puetz e cols. 2012)
compararam os efeitos do treinamento físico na redução da fadiga crônica em
quatro grupos: pacientes em tratamento com e sem exercício, sobreviventes com e
sem exercício. Nos pacientes em tratamento, houve um aumento de 29% nos níveis
de fadiga entre os que não se exercitaram e uma redução de 4% nos que se
exercitaram. Entre os sobreviventes, a redução foi de 1% nos não exercitados e
de 20% nos exercitados (ver gráfico abaixo).
(Puetz et col. 2012) |
Outro importante dado encontrado neste estudo é que quanto
melhor a condição física do paciente antes do tratamento, maior será sua
aderência no programa de atividade física durante o tratamento e, por
conseguinte, maior será a redução em seus níveis de fadiga. Aconselha-se então,
que pacientes sedentários, assim que recebam o diagnóstico de câncer, antes do
início da tríade (cirurgia+quimioterapia+radioterapia), iniciem um programa de
treinamento.
Em outra meta-análise (Tomlinson et col. 2014), foi observada
a efetividade dos diversos tipos de exercícios (modalidades) realizados pelos
pacientes durante o tratamento. As diferenças de efeitos na redução da fadiga
crônica entre as modalidades foram pequenas; sendo o misto ou concorrente
(força+aeróbico) promotor do maior efeito, seguido de força (musculação),
aeróbico, Yoga e, por último, a caminhada.
Na comparação entre os exercícios realizados em uma clínica/academia com
acompanhamento de um especialista e os executados em casa seguindo uma prescrição
prévia, os supervisionados promoveram redução maior na fadiga. Na maioria dos
estudos analisados, a frequência de realização dos exercícios foi de três a
quatro vezes por semana.
Portanto, diante destes dados, a realização de um
protocolo de exercícios, não importando o modo, de forma sistemática e supervisionada
em local específico, parece ser uma estratégia altamente recomendada para a
redução dos níveis da fadiga crônica antes, durante a após o tratamento em
pacientes com câncer.
MSc. Rodrigo Ferraz
Profa. Dra. Patrícia Lopes de Campos-Ferraz
Referências:
Puetz, Timothy W., and Matthew P. Herring. "Differential effects of exercise on cancer-related fatigue during and following treatment: a meta-analysis."American journal of preventive medicine 43.2 (2012): e1-e24.
Tomlinson, Deborah, et al. "Effect of exercise on cancer-related fatigue: a meta-analysis." American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation 93.8 (2014): 675-686.
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